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Elo-Prosa & Poesia-entre nós


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Ilusão

                        Ilusão


Atenta, coração!

Salteador!

Em pele de amor.

Valdiva Araujo Santos 21-02-2015

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

PELE VERMELHA




 

 PELE VERMELHA



Diante do Sol
A cada manhã
Minha escuridão se compõe...
Clarão!
Mulher de cor,
Com prazer,
Brilha em flor!
Sem pudor,
Veste Luz!
Valdiva Araujo Santos 17/02/2015

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Elo- prosa e poesia- entre nós



                                Elo- prosa e poesia entre nós


 


    
Prosa/Poesia/Prosa Poética


 Prosa/Poesia/Prosa Poética é recorte de uma publicação
da revista ArsCientia, (informação da autora em setembro de 2014)

Autora - Ana Maria Junqueira Fabrino. Da revista ArsCientia,

É praticamente impossível refutar a definição clássica de prosa e poesia: prosa – escrita contínua, linha que segue seu curso, uso de raciocínio lógico; e poesia – escrita em versos, caracterizada por efeitos sonoros e imagens sensíveis. Há algo especial na poesia, despertado pela evocação de imagens, provocando como efeito o estímulo à emoção, ao arrebatamento, à exaltação, responsáveis pelo efeito estético sugerido pela poesia, diferentemente dos conceitos e juízos transmitidos pelos textos em prosa.
Importa ressaltar que a simples disposição do texto em versos não o tornará poesia – é possível haver uma narração em verso, sem prejuízo do entendimento, já afirmava ARISTÓTELES na Arte Poética (s/d: 252):
O historiador e o poeta não se distinguem um do outro, pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso (pois, se a obra de Heródoto houvesse sido composta em verso, nem por isso deixaria de ser obra de História, figurando ou não o metro nela). Diferem entre si, porque um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido.
PLATÃO também se preocupava com a poesia, mais com seu uso que com sua definição, tanto que chegou a banir os poetas de sua República (1983:451):
- Ora a verdade é que – prossegui eu – entre muitas razões que tenho para pensar que estivemos a fundar uma cidade mais perfeita do que tudo, não é das menores a nossa doutrina sobre a poesia.
- Que doutrina?
- A de não aceitar a parte da poesia de caráter mimético. A necessidade de a recusar em absoluto é agora, segundo me parece, ainda mais claramente evidente, desde que definimos em separado cada uma das partes da alma.
Além de banir a poesia da república, Platão também a colocou num nível drasticamente inferior à filosofia, gerando certa incoerência com Aristóteles, que julgava a poesia mais filosófica e de caráter mais elevado que a História (op. cit.: 252). A distinção nessa época (século V a.C.) era entre poesia e filosofia, que depois passaria para poesia e história e, fazendo um salto para os dias atuais, ainda em sistema binário, entre prosa e poesia, dentro de um ambiente literário. Assim, é também pertinente apresentar algumas teorias sobre o que é considerado literatura ou não.
No ensaio “A noção de literatura”, TODOROV (1980:11-22) expõe a dificuldade de classificar o que é literatura ou não, argumentando que o conceito de literatura, no sentido atual, é bem recente: data apenas do século XIX. Mesmo a partir de fórmulas como a classificação funcional ou estrutural da literatura, a admissão de que literatura é “ficção” versus “realidade” relatada pela História não leva a uma definição rigorosa, graças à infinidade de discursos que vêm sendo praticados. Muda, então, a abordagem, para um questionamento não mais no nível literário, mas no discursivo. Assim, são tipos de discursos que passam a ser analisados e a crônica lírica, misto de realidade com ficção e poesia, é um desses discursos. Um breve passeio pela noção de literatura poderá tornar mais esclarecedora essa mudança de enfoque.
Uma idéia geral de literatura é a presente no senso comum: conjunto de manifestações artísticas verbalizadas por uma comunidade, de forma escrita ou oral. Daí decorrem desde lendas e mitos orais ao que seria o início da cultura ocidental, didaticamente situada na Grécia e popularizada pelos filósofos Platão e Aristóteles, principalmente. Eles sistematizaram conceitos básicos que evoluíram para o conjunto hoje chamado de literatura. Partiram de distinções binárias como história e filosofia, história e tragédia, tragédia e comédia, verso e prosa. Não há uma linha demarcatória definitiva entre esses aspectos.
Na Grécia antiga, a história era cantada em versos, mas era verídica; havia a distinção entre poesia e retórica, mas elas se encontravam. Platão via em Górgias o exemplo vivo das possibilidades que a linguagem oferecia: ele fazia retórica acompanhada de poesia, num estilo original, que causava estranhamento e era chamado de “uma parte da adulação” por PLATÃO( s/d : 63) que admitia como útil apenas o método dialético: “maneira de compor e decompor as idéias”, que buscava “abarcar num só golpe de vista todas as idéias esparsas de um lado e de outro e reuni-las em uma só idéia geral” , a qual poderia ser chamada de “arte retórica”, iniciada por Trasímaco e seguida por Tísias e Górgias. Eles “mostraram finalmente como se fala com poucas palavras e como se pode pronunciar um discurso de tamanho infinito”(PLATÃO, s/d : 245). Nem por isso essa prática seria menos condenável, pois era uma variação dos sofistas. Górgias mereceu um comentário também desfavorável de ARISTÓTELES (s/d: 174):
Como parece que os poetas, não obstante a frivolidade dos assuntos por eles tratados, adquiriam, graças ao estilo, boa reputação, em primeiro lugar começou por se adotar o estilo poético. Assim procedeu Górgias. Ainda hoje muitas pessoas desprovidas de instrução imaginam ser esta a melhor maneira de se exprimir.
A “confusão” entre poesia e oratória era inadmissível. O que deveria permanecer era a distinção clara entre a produção poética e seus diversos gêneros, que tinham por finalidade obter o belo poético, e a arte retórica, que visava a ensinar o possível; ou seja, poesia de um lado e prosa de outro.
Atualmente, por mais que o imediatismo imponha a permanência das distinções – literatura, não-literatura; prosa, poesia; fala, escrita; é inevitável esbarrarmos em fronteiras meramente imaginárias, pois a quantidade de manifestações é tão grande que espaços intermediários foram sendo criados e uma nova abordagem foi adotada – hoje não se trata mais de atitudes estanques, formas sistematizadas de acordo com a estrutura ou função (como no estruturalismo russo que visava demonstrar a existência de um “esqueleto” único presente em determinado “gênero”, por exemplo, o conto). O que passa a vigorar é uma permissão para que novas modalidades sejam criadas.
A vida literária é um dos elementos que constituem o contexto da obra literária, e atualmente ela é bem ampla: pode estar no jornal, que publica crônicas de autores que já pertencem à literatura, ou que irão ou não pertencer, dependendo da qualidade literária de seus textos; pode estar no computador (há vários autores que publicam pela internet) ou em lugares inusitados (nas ruas, em cartazes, nos shoppings...).
O fato de os espaços literários se multiplicarem não implica a aceitação de que toda produção daí advinda seja literária, mas há uma possibilidade de que isso ocorra. O que se nota é que a fronteira que define a prosa e a poesia tornou-se mais flexível - temos textos em prosa impregnados de poesia, como a narrativa de Marcel Proust, James Joyce e Guimarães Rosa. Temos poesia virtual, jogos de palavras que não apresentam a forma poética clássica - versos, estrofes, rimas - mas fazem surgir o efeito poético - a plurissignificância. Efeito dos tempos atuais: muitos saberes, pouco tempo para depurá-los; assim, a poesia entra na prosa, e a prosa entra na poesia.
Citações:
ARISTÓTELES. Arte Retórica e Arte Poética. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d.
PLATÃO. Górgias. Lisboa: Edições 70, s/d.
_______ .A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983.
TODOROV, T. Os Gêneros do Discurso. São Paulo: Martins Fontes, 1980.


FABRINO, A. M. J. . Poesia/prosa/prosa poética. São Paulo: Ivy Judensnaider, 2005 (artigo em revista eletrônica).

Elo- prosa e poesia entre nós 04/02/2014






Prosa e Poesia

Prosa/Poesia/Prosa Poética
De: ... colaboradores

imagem: Beatrice Coron

É praticamente impossível refutar a definição clássica de prosa e poesia: prosa – escrita contínua, linha que segue seu curso, uso de raciocínio lógico; e poesia – escrita em versos, caracterizada por efeitos sonoros e imagens sensíveis. Há algo especial na poesia, despertado pela evocação de imagens, provocando como efeito o estímulo à emoção, ao arrebatamento, à exaltação, responsáveis pelo efeito estético sugerido pela poesia, diferentemente dos conceitos e juízos transmitidos pelos textos em prosa.
Importa ressaltar que a simples disposição do texto em versos não o tornará poesia – é possível haver uma narração em verso, sem prejuízo do entendimento, já afirmava ARISTÓTELES na Arte Poética (s/d: 252):

O historiador e o poeta não se distinguem um do outro, pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso (pois, se a obra de Heródoto houvesse sido composta em verso, nem por isso deixaria de ser obra de História, figurando ou não o metro nela). Diferem entre si, porque um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido.

PLATÃO também se preocupava com a poesia, mais com seu uso que com sua definição, tanto que chegou a banir os poetas de sua República (1983:451):

- Ora a verdade é que – prossegui eu – entre muitas razões que tenho para pensar que estivemos a fundar uma cidade mais perfeita do que tudo, não é das menores a nossa doutrina sobre a poesia.
- Que doutrina?
- A de não aceitar a parte da poesia de caráter mimético. A necessidade de a recusar em absoluto é agora, segundo me parece, ainda mais claramente evidente, desde que definimos em separado cada uma das partes da alma.

Além de banir a poesia da república, Platão também a colocou num nível drasticamente inferior à filosofia, gerando certa incoerência com Aristóteles, que julgava a poesia mais filosófica e de caráter mais elevado que a História (op. cit.: 252). A distinção nessa época (século V a.C.) era entre poesia e filosofia, que depois passaria para poesia e história e, fazendo um salto para os dias atuais, ainda em sistema binário, entre prosa e poesia, dentro de um ambiente literário. Assim, é também pertinente apresentar algumas teorias sobre o que é considerado literatura ou não.

No ensaio “A noção de literatura”, TODOROV (1980:11-22) expõe a dificuldade de classificar o que é literatura ou não, argumentando que o conceito de literatura, no sentido atual, é bem recente: data apenas do século XIX. Mesmo a partir de fórmulas como a classificação funcional ou estrutural da literatura, a admissão de que literatura é “ficção” versus “realidade” relatada pela História não leva a uma definição rigorosa, graças à infinidade de discursos que vêm sendo praticados. Muda, então, a abordagem, para um questionamento não mais no nível literário, mas no discursivo. Assim, são tipos de discursos que passam a ser analisados e a crônica lírica, misto de realidade com ficção e poesia, é um desses discursos. Um breve passeio pela noção de literatura poderá tornar mais esclarecedora essa mudança de enfoque.

Uma idéia geral de literatura é a presente no senso comum: conjunto de manifestações artísticas verbalizadas por uma comunidade, de forma escrita ou oral. Daí decorrem desde lendas e mitos orais ao que seria o início da cultura ocidental, didaticamente situada na Grécia e popularizada pelos filósofos Platão e Aristóteles, principalmente. Eles sistematizaram conceitos básicos que evoluíram para o conjunto hoje chamado de literatura. Partiram de distinções binárias como história e filosofia, história e tragédia, tragédia e comédia, verso e prosa. Não há uma linha demarcatória definitiva entre esses aspectos.

Na Grécia antiga, a história era cantada em versos, mas era verídica; havia a distinção entre poesia e retórica, mas elas se encontravam. Platão via em Górgias o exemplo vivo das possibilidades que a linguagem oferecia: ele fazia retórica acompanhada de poesia, num estilo original, que causava estranhamento e era chamado de “uma parte da adulação” por PLATÃO( s/d : 63) que admitia como útil apenas o método dialético: “maneira de compor e decompor as idéias”, que buscava “abarcar num só golpe de vista todas as idéias esparsas de um lado e de outro e reuni-las em uma só idéia geral” , a qual poderia ser chamada de “arte retórica”, iniciada por Trasímaco e seguida por Tísias e Górgias. Eles “mostraram finalmente como se fala com poucas palavras e como se pode pronunciar um discurso de tamanho infinito”(PLATÃO, s/d : 245). Nem por isso essa prática seria menos condenável, pois era uma variação dos sofistas. Górgias mereceu um comentário também desfavorável de ARISTÓTELES (s/d: 174):

Como parece que os poetas, não obstante a frivolidade dos assuntos por eles tratados, adquiriam, graças ao estilo, boa reputação, em primeiro lugar começou por se adotar o estilo poético. Assim procedeu Górgias. Ainda hoje muitas pessoas desprovidas de instrução imaginam ser esta a melhor maneira de se exprimir.

A “confusão” entre poesia e oratória era inadmissível. O que deveria permanecer era a distinção clara entre a produção poética e seus diversos gêneros, que tinham por finalidade obter o belo poético, e a arte retórica, que visava a ensinar o possível; ou seja, poesia de um lado e prosa de outro.
Atualmente, por mais que o imediatismo imponha a permanência das distinções – literatura, não-literatura; prosa, poesia; fala, escrita; é inevitável esbarrarmos em fronteiras meramente imaginárias, pois a quantidade de manifestações é tão grande que espaços intermediários foram sendo criados e uma nova abordagem foi adotada – hoje não se trata mais de atitudes estanques, formas sistematizadas de acordo com a estrutura ou função (como no estruturalismo russo que visava demonstrar a existência de um “esqueleto” único presente em determinado “gênero”, por exemplo, o conto). O que passa a vigorar é uma permissão para que novas modalidades sejam criadas.

A vida literária é um dos elementos que constituem o contexto da obra literária, e atualmente ela é bem ampla: pode estar no jornal, que publica crônicas de autores que já pertencem à literatura, ou que irão ou não pertencer, dependendo da qualidade literária de seus textos; pode estar no computador (há vários autores que publicam pela internet) ou em lugares inusitados (nas ruas, em cartazes, nos shoppings...).

O fato de os espaços literários se multiplicarem não implica a aceitação de que toda produção daí advinda seja literária, mas há uma possibilidade de que isso ocorra. O que se nota é que a fronteira que define a prosa e a poesia tornou-se mais flexível - temos textos em prosa impregnados de poesia, como a narrativa de Marcel Proust, James Joyce e Guimarães Rosa. Temos poesia virtual, jogos de palavras que não apresentam a forma poética clássica - versos, estrofes, rimas - mas fazem surgir o efeito poético - a plurissignificância. Efeito dos tempos atuais: muitos saberes, pouco tempo para depurá-los; assim, a poesia entra na prosa, e a prosa entra na poesia.

Citações:
ARISTÓTELES. Arte Retórica e Arte Poética. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d.
PLATÃO. Górgias. Lisboa: Edições 70, s/d.
_______ .A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983.
TODOROV, T. Os Gêneros do Discurso. São Paulo: Martins Fontes, 1980.