Neste blog pretendo dialogar com educadores e com educandos . Dialogar, com textos em prosa e ou em verso. Dialogar com imagens. Dialogar com nossa história, com nossas vivências e experiências.Trocar idéias.
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Elo-Prosa & Poesia-entre nós
VOOINDO
Vou indo.
Vooindo
Vouindo
pela terra
de guerra em guerra
Também de guerra em paz
Também de paz em guerra.
Vouindo.
Marcando passo
Vouindo neste compasso.
Sintonia
Sinto minhas manias.
Abre campo
abre flor
abre floresta
Na terra em festa.
Vouindo
vooindo pelo céu
azul de nuvem e véu
Também de brilho e luz
Em direção ao azul
Asas abertas em cruz.
Valdiva Araujo Santos
Prosa e Poesia
Prosa/Poesia/Prosa Poética imagem: Beatrice Coron É praticamente impossível refutar a definição clássica de prosa e poesia: prosa – escrita contínua, linha que segue seu curso, uso de raciocínio lógico; e poesia – escrita em versos, caracterizada por efeitos sonoros e imagens sensíveis. Há algo especial na poesia, despertado pela evocação de imagens, provocando como efeito o estímulo à emoção, ao arrebatamento, à exaltação, responsáveis pelo efeito estético sugerido pela poesia, diferentemente dos conceitos e juízos transmitidos pelos textos em prosa. O historiador e o poeta não se distinguem um do outro, pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso (pois, se a obra de Heródoto houvesse sido composta em verso, nem por isso deixaria de ser obra de História, figurando ou não o metro nela). Diferem entre si, porque um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido. PLATÃO também se preocupava com a poesia, mais com seu uso que com sua definição, tanto que chegou a banir os poetas de sua República (1983:451): - Ora a verdade é que – prossegui eu – entre muitas razões que tenho para pensar que estivemos a fundar uma cidade mais perfeita do que tudo, não é das menores a nossa doutrina sobre a poesia. Além de banir a poesia da república, Platão também a colocou num nível drasticamente inferior à filosofia, gerando certa incoerência com Aristóteles, que julgava a poesia mais filosófica e de caráter mais elevado que a História (op. cit.: 252). A distinção nessa época (século V a.C.) era entre poesia e filosofia, que depois passaria para poesia e história e, fazendo um salto para os dias atuais, ainda em sistema binário, entre prosa e poesia, dentro de um ambiente literário. Assim, é também pertinente apresentar algumas teorias sobre o que é considerado literatura ou não. No ensaio “A noção de literatura”, TODOROV (1980:11-22) expõe a dificuldade de classificar o que é literatura ou não, argumentando que o conceito de literatura, no sentido atual, é bem recente: data apenas do século XIX. Mesmo a partir de fórmulas como a classificação funcional ou estrutural da literatura, a admissão de que literatura é “ficção” versus “realidade” relatada pela História não leva a uma definição rigorosa, graças à infinidade de discursos que vêm sendo praticados. Muda, então, a abordagem, para um questionamento não mais no nível literário, mas no discursivo. Assim, são tipos de discursos que passam a ser analisados e a crônica lírica, misto de realidade com ficção e poesia, é um desses discursos. Um breve passeio pela noção de literatura poderá tornar mais esclarecedora essa mudança de enfoque. Uma idéia geral de literatura é a presente no senso comum: conjunto de manifestações artísticas verbalizadas por uma comunidade, de forma escrita ou oral. Daí decorrem desde lendas e mitos orais ao que seria o início da cultura ocidental, didaticamente situada na Grécia e popularizada pelos filósofos Platão e Aristóteles, principalmente. Eles sistematizaram conceitos básicos que evoluíram para o conjunto hoje chamado de literatura. Partiram de distinções binárias como história e filosofia, história e tragédia, tragédia e comédia, verso e prosa. Não há uma linha demarcatória definitiva entre esses aspectos. Na Grécia antiga, a história era cantada em versos, mas era verídica; havia a distinção entre poesia e retórica, mas elas se encontravam. Platão via em Górgias o exemplo vivo das possibilidades que a linguagem oferecia: ele fazia retórica acompanhada de poesia, num estilo original, que causava estranhamento e era chamado de “uma parte da adulação” por PLATÃO( s/d : 63) que admitia como útil apenas o método dialético: “maneira de compor e decompor as idéias”, que buscava “abarcar num só golpe de vista todas as idéias esparsas de um lado e de outro e reuni-las em uma só idéia geral” , a qual poderia ser chamada de “arte retórica”, iniciada por Trasímaco e seguida por Tísias e Górgias. Eles “mostraram finalmente como se fala com poucas palavras e como se pode pronunciar um discurso de tamanho infinito”(PLATÃO, s/d : 245). Nem por isso essa prática seria menos condenável, pois era uma variação dos sofistas. Górgias mereceu um comentário também desfavorável de ARISTÓTELES (s/d: 174): Como parece que os poetas, não obstante a frivolidade dos assuntos por eles tratados, adquiriam, graças ao estilo, boa reputação, em primeiro lugar começou por se adotar o estilo poético. Assim procedeu Górgias. Ainda hoje muitas pessoas desprovidas de instrução imaginam ser esta a melhor maneira de se exprimir. A “confusão” entre poesia e oratória era inadmissível. O que deveria permanecer era a distinção clara entre a produção poética e seus diversos gêneros, que tinham por finalidade obter o belo poético, e a arte retórica, que visava a ensinar o possível; ou seja, poesia de um lado e prosa de outro. A vida literária é um dos elementos que constituem o contexto da obra literária, e atualmente ela é bem ampla: pode estar no jornal, que publica crônicas de autores que já pertencem à literatura, ou que irão ou não pertencer, dependendo da qualidade literária de seus textos; pode estar no computador (há vários autores que publicam pela internet) ou em lugares inusitados (nas ruas, em cartazes, nos shoppings...). O fato de os espaços literários se multiplicarem não implica a aceitação de que toda produção daí advinda seja literária, mas há uma possibilidade de que isso ocorra. O que se nota é que a fronteira que define a prosa e a poesia tornou-se mais flexível - temos textos em prosa impregnados de poesia, como a narrativa de Marcel Proust, James Joyce e Guimarães Rosa. Temos poesia virtual, jogos de palavras que não apresentam a forma poética clássica - versos, estrofes, rimas - mas fazem surgir o efeito poético - a plurissignificância. Efeito dos tempos atuais: muitos saberes, pouco tempo para depurá-los; assim, a poesia entra na prosa, e a prosa entra na poesia. Citações: |
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